SÃO PAULO 2 X 0 PONTE PRETA – 29/11/1981
Estádio do Morumbi, São Paulo e Ponte Preta. Final do Campeonato Paulista. Um daqueles dias que, por mais informações a gente tenha na memória, a gente nunca esquece. Estava na arquibancada com a menina que veio a ser a mãe dos meus quatro filhos. Éramos fãs do Serginho: meu ídolo maior, irreverente, goleador e temperamental.
Chupala é de uma estirpe rara de jogador. De uma época em que os boleiros realmente vestiam seus uniformes e defendiam aquele escudo com raça, como se defendenssem seu patrimônio, seu castelo de invasores ferozes. E Serginho era feroz. Faria o que fosse preciso para chegar a vitória.
Os calções eram curtos, de algodão, nada parecido com essas sambas-canção sintéticas dos dias de hoje. Começou a cair uma garoa fina e a torcida já comemorava o título vindouro – o tricolor ganhava de 1X0 – quando num contra-ataque, Serginho recebe sozinho e dá um chapéu no Carlos antes de marcar o segundo gol e sacramentar o título!
Na comemoração o camisa nove vai até o árbitro reserva pega o guarda-sol e ergue majestosamente em direção a torcida, Não foi um simples chapéu, foi um sombrero: épico, mortal,eterno! Inesquecível!
* Texto inédito na internet extraído do livro ‘Meu Jogo Inesquecível’ (2005).