Entrevista, Kip Beelman

Pra começar 2019 com o pé direito trouxemos a primeira entrevista do ano e ela é internacional! Batemos um papo com o fotógrafo e produtor Kip Beelman, que foi o engenheiro de som do disco “Para Quando o Arco Iris Encontrar o Pote de Ouro” (2000) de Nando Reis e “As Dez Mais” (1999) do Titãs.

Apesar de suas colaborações nestes álbuns, Kip é mais conhecido pelos fãs de Nando por ser o autor da foto que ilustra a capa do CD “Para Quando o Arco Iris Encontrar o Pote de Ouro”, uma de nossas preferidas da discografia do ruivo. Movidos pela curiosidade de saber onde ela foi tirada e qual foi o contexto, entramos em contato com Kip, que topou responder nossas perguntas. E você, também está curioso para saber o local da foto? Descubra lendo a entrevista completa abaixo!

* Agradecemos a Nádia Prazeres, amiga e super fã de Nando como a gente, pela tradução da entrevista.

Entrevista…

Fã Clube – Você é o autor da foto que virou capa do disco ‘Para Quando o Arco Iris Encontrar o Pote de Ouro’ (2001) de Nando Reis. Nós adoramos esta foto! Onde ela foi tirada?
Kip Beelman – A maior parte deste álbum foi gravada no estúdio chamado Ironwood, nos arredores de Greenwood, Seatle. Este estúdio funciona até hoje como Avast Recordig. Gravamos numa sala grande e, mais tarde, quando passamos a gravar partes individuais como percurssão, vocais, adicionais e outras coisas que não precisavam de uma sala tão grande, mudamos para um estúdio nas adjacencias do bairro Ballard e o estúdio se chamava Hanzsek Audio. Chris Hanzsek foi quem fundou o velho Reciprocal Recording onde Jack Endino fez as primeiras e lendárias gravações no estilo grunge com bandas como Nirvana, Mudhoney, Soundgarden, Skin Yardm, Afghan Whigs, etc. A foto da capa do disco de Nando foi tirada do lado de fora, na porta do estúdio Hanzsek Audio, situado no 1414 NW Leary Way, Seatle.

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Fã Clube – Você se inspirou em algo para fazer esta foto? Lembra as razões e motivos dela ter sido tirada daquela forma?
Kip Beelman – Naquele momento da minha vida eu nunca tinha tirado qualquer foto com qualquer propósito ou mesmo conhecimento. Nem mesmo eu tinha a fotografia como hobbie naquele tempo… E daí que essa foto acabou sendo o que foi, boa o suficiente para ser a capa deste álbum e, claro, que isso me surpreendeu. Eu fiquei chocado e impressionado mesmo, para ser honesto.
Se havia alguma inspiração, de fato eu não tinha consciência disso, mas eu tinha uma profunda admiração pelo Nando e, na verdade, em relação a foto eu devo ter gostado do fundo totalmente cinzento e da simplicidade da porta e, a partir dai, criar algo simples. Eu nem mesmo lembro se o Nando pediu, ou solicitou a foto, ou eu mesmo quem a sugeri. Baseado nisso creio que a única razão pela qual eu tinha uma cãmera digital era porque eu estava indo pra França para passar uma pequena férias, após as gravações, e estava provavelmente buscando motivos para aprender a operar uma câmera.

Fã Clube – O que mais gostou na sonoridade do Nando?
Kip Beelman – De fato admiro o quão orgânico, bem estruturado e simples é o seu som e produção adicional (percussão, trompete) que é usado de forma moderada e de bom gosto. Creio que ter uma banda liderada pelo Nando e seu violão é algo único e muito interessante também. Neste CD (Para Quando o Arco…), Barrett Martin usou a bateria tipo Remo Fiberskyn que proporciona o som mais natural e compacto, tipo “skin Sound”, do que o som que vem de outras baterias vendidas pela Remo ou Evans.

Fã Clube – Como você conheceu Nando?
Kip Beelman – Conheci o Nando quando a banda Titãs veio gravar ‘As Dez Mais’ com Jack Endino, que focou na produção do disco, e eu fui cotratado como assistente de produção pra ajudar a galera a obter aquilo que eles queriam e necessitavam da cidade, tipo providenciar almoço diariamente, sinalizar aparelhos, lojas de discos e instrumentos, presentes que eles estavam procurando, etc.

Fã Clube – Você cuidou da parte técnica das gravações dos disco ‘As Dez Mais’ e ‘Para Quando o Arco…’. Com que artistas já trabalhou?
Kip Beelman – Minha carreira como produtor musical durou 12 anos e neste período eu gravei com centenas de bandas que eram pouco conhecidas, porém algumas mais famosas como David Byrne, Joan jett, Death Cab for Cutie, The posies, Sleater-Kinney e Brandi Carlile, este último indicado a seis Grammys naquela época.

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Fã Clube – Você mantém contato com o Nando pelas redes sociais. Você o encontrou em 2012/2015 quando ele gravava discos com jack Endino?
Kip Beelman – Como as gravações de ‘As Dez Mais’ estavam na última semana, Nando e eu passávamos tempo juntos resolvendo coisas e a noite saíamos juntos. Nesta mesma semana estava previsto a estreia do disco de uma banda local chamada ‘Maktub’ e eles tocariam em um clube chamado Crocodile. Eu tinha produzido o álbum deles e fiquei apaixonado pela banda e muito orgulhoso do trabalho que fiz. Expliquei a Nando que deveria ir ao show de estreia pelo meu papel no álbum, conexão com o som e a banda e ele disse que adoraria participar.
Quando chegamos a sala estava lotada, a energia era algo palpável, as pessoas se espremiam como sardinhas e, uma vez que a banda começou a tocar, Nando afastou-se de onde eu estava, no meio da sala, e foi para a beira do palco e ficou totalmente fascinado, hiptonizado mesmo pelo que ele estava ouvindo. O foco da atenção absurda de Nando? Mr. Alex Veley, o então tecladista da ‘Maktub’.
Alex era digno, na verdade, de ser observado e chamava a atenção com seu chapéu de cowboy de couro, botas de cowboy preto, jeans preto, colete preto, camisa cor púrpura e bigode de Freddie Mercury. Além do seu visual, o seu som era gigantesco, forte, cobrindo toneladas de espaço sonico, até mesmo por Maktub ser uma banda nova e não ter um guitarrista. Alex passou a maior parte do tempo em um Rhodes 88 e Hammond B3 (o atual órgão de 400lb da Leslie Speaker) e preencheria o restante da cenário sonoro com um sintetizador para fazer sons de cordas e um clarinete tocado por wah-wah e pedais delay. Era de fato um som enorme e único que eu nunca vi nem ouvi desde então.
No final do show, Nando: a) ficou impressionadíssimo; b) levitando com tanto entusiasmo; c) decidido a voltar para Seatle no próximo ano para gravar com aquele cara (Alex Veley). Isso se concretizou.
Desde seu retorno a Seattle para a gravação de ‘Para Quando…’, eu passei 14 dias no Brasil, principalmente com Nando em sua residência, e alguns dias no Rio, onde acompanhei o show de lançamento do primeiro disco de Vanessa Da Mata, incrível por sinal. Passei um tempo com ele, mais tarde, quando Nando retornou para gravar ‘Sei’.

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Fã Clube – Quais suas referências relacionadas a engenharia de som e fotografia?
Kip Beelman – Amei produzir e projetar álbuns, mas me afastei essencialmente quando minha filha nasceu. O tempo no estúdio é na maior parte muito longo, dias intermináveis e minha prioridade na vida mudou para ser um pai, mais do que passar todo o meu tempo em estúdios fechados com músicos, independentemente de quão especial é captar essa mágica que é a música.
O nascimento da minha filha Ella, hoje com 14 anos, se tornou a base da minha busca pela fotografia com o único objetivo de criar imagens dela e da minha família com intenção e sucesso. Isso definitivamente, não intencionalmente, se transfomou em uma carreira para mim.

Fã Clube – Para encerrar, o que mais gosta de fazer? Produção de discos ou fotografia?
Kip Beelman – Eu gravei e mixei algumas coisas ao longo dos anos, após a chegada de Ella, mas meu coração está atrás de uma câmera e em casa com minha família.

1 comentário em “Entrevista, Kip Beelman”

  1. terminei a prova da Fuvest, dormi 24 hrs. acordei, tomei vinho , fiz a mente, comei pastel, abri a net. tava ouvindo ´´ Pra Onde Foi´´ e abri o fa clube. que entrevista maravilhosa. se nao fosse o cara ter produzido uma banda nova , minha vida nao estria completa. infernais sem ALEX , no.

    que doideira!
    esse ano eh especial para nos. vamos em frente!

    viva <3

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