Ano passado (2012) se encerrava a temporada da peça “Espatódea”, inspirada na canção homônima de Nando Reis. Premiada no edital “Alagoas em Cena”, escrita e dirigida pelo ator Rhommel Bezerra, ela se tratava de uma comédia romântica atemporal.
A história:
Espatódea é a prisão ilusória do amor. Francisco, marinheiro, se apaixona por Zoé, de família nobre e conservadora. Eles vivem um amor de carnaval, intenso, regados por muita paixão e desejo. Mas, após tantas promessas feitas a Zoé, ele vai embora. Dois anos depois, retorna à cidade e encontra sua amada noiva do filho do prefeito. Sua missão é recuperar o tempo perdido e reconquistar o seu amor.
Com as previsibilidades de uma opção teatral mais “crua” ou operística, a peça utiliza-se, fartamente, da intertextualidade.
A encenação considera quase todas as implicações dialógicas que ressoam do próprio texto. Nessa montagem, toda a topografia nomeada torna-se um “lugar nenhum”. Um vilarejo no litoral da nossa imaginação. Onde a estação do inverno serve como alegoria deste lugar.
Nesse contexto, todas as cenas acontecem no atemporal, numa narrativa sobre a lenda romântica Espatódea. Recheada de sátiras, ironias e pitadas de humor, combina diálogos regionalistas com um toque de linguagem mais rebuscada. Unindo elementos folclóricos com drama, paixão e tragédia.
A cenografia torna-se um dos personagens que fala tanto ou mais que os atores. Cria-se o clima de um vilarejo feliz, outrora cheio de frustrações, e que hoje é, apenas, desolação, remetendo a cena a um período da vida no qual tudo se encaminha para o fim. Os figurinos, a luz, os adereços e, notadamente a trilha sonora alargam ainda mais o efeito emocional que a peça proporciona. A presença do erotismo e suas permutas com a morte é outro eixo sobre o qual se estrutura a emoções. Esse dado remete-nos à presença de um “realismo fantasmagórico” plasmado na linguagem de alguns personagens. Não há intenção de um “efeito do real” na construção do texto, mas de enfrentar, sem receio, os terrenos da poesia, do mito e da metáfora.
E como metáfora, ou qualquer outra figura de linguagem que se queira ajuntar à peça, Espatódea é, sem dúvidas, um título misterioso. No entanto, vislumbra-se nele algo que atravessa os tempos: o simbolismo da época medieval e o moralismo dos tempos do coronelismo para aplainar uma sociedade cheia de infortúnios. É possível que os personagens de Espatódea, ao longo da lenda, tenham se valido do cinismo que os fez ignorar suas próprias subjetividades.
Bem que eles poderiam voltar com a peça e fazer uma turnê nacional, né? =)
Que bom que a peça foi tão elogiada.
Fiz teste para o elenco mas não fui aprovado. Mas o pouco que li do texto me mostrou o talento do autor.
Que bom que a peça foi tão elogiada. Lembro de ter feito um teste para essa peça, mas não fui aprovado.
Por favor venham para o interior de Sp. Obrigada!
venham pra salvador!!!!
Tem um pedacinho da peça disponível em algum site? 😀
Estaremos de volta no próximo semestre!! 😉